5° Grupo(Principais autores realistas e naturalistas no Brasil)


Machado de Assis

Machado de Assis (1839-1908), sofria de gagueira e epilepsia, problemas que contribuíram para a timidez e reserva.Obrigado a trabalhar desde criança, sempre estudou em escola publica.

Machado era atento, ele sempre ficava observando as características dos seres humanos, como por exemplo o egoísmo das pessoas, observava as características capazes de mostrar o verdadeiro ser humano dentro delas.De vida difícil , o escritor sempre deixou claro em suas obras que não acreditava mais em certas ilusões.

Alguns autores vêem na obra de Machado de Asis duas fases :a Romântica e a Realista.

Machado produzia crônicas ,contos, romances, textos teatrais e ate poemas.Machado sempre se preocupava em apresentar a realidade.

,Como cronista Machado comentava fatos do cotidiano e citava também acontecimentos históricos.

Nos contos , ele se preocupava em revela a complexidade humana,suas certezas e contradições.

Os romances mais conhecidos de Machado são –Dom Casmurro, Quincas Borba, Esaú e Jacó, Memórias póstumas de Brás Cubas. Nestas obras Machado se preocupou em retratar a sociedade da época em que ultrapassavam suas capacidades.

Trecho de :

MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS

Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no intróito, mas no cabo; diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia — peneirava — uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa idéia no discurso que proferiu à beira de minha cova: — "Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que tem honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado."
Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei. E foi assim que cheguei à cláusula dos meus dias; foi assim que me encaminhei para o undiscovered country de Hamlet, sem as ânsias nem as dúvidas do moço príncipe, mas pausado e trôpego, como quem se retira tarde do espetáculo. Tarde e aborrecido. Viram-me ir umas nove ou dez pessoas, entre elas três senhoras, minha irmã Sabina, casada com o Cotrim, — a filha, um lírio-do-vale, — e... Tenham paciência! daqui a pouco lhes direi quem era a terceira senhora. Contentem-se de saber que essa anônima, ainda que não parenta, padeceu mais do que as parentas. É verdade, padeceu mais. Não digo que se carpisse, não digo que se deixasse rolar pelo chão, convulsa. Nem o meu óbito era coisa altamente dramática... Um solteirão que expira aos sessenta e quatro anos, não parece que reúna em si todos os elementos de uma tragédia. E dado que sim, o que menos convinha a essa anônima era aparentá-lo. De pé, à cabeceira da cama, com os olhos estúpidos, a boca entreaberta, a triste senhora mal podia crer na minha extinção.
— Morto! morto! dizia consigo.






Aluisio Azevedo



O escritor maranhense Aluísio Azevedo (1857-1913) foi cartunistas, jornalista e diplomata. Retratou a sociedade, montou ser um dos maiores críticos românticos da época, compondo tipos marginalizados e excluídos. Tinha uma maneira objetiva de escrever.

Aluísio de Azevedo levava ao extremo a habilidade de retratar a sociedade real e concreta em que vivia.



Trecho de :

O CORTIÇO



Bertoleza representava agora ao lado de João Romão o papel tríplice de caixeiro, de criada e de amante. Mourejava a valer, mas de cara alegre; às quatro da madrugada estava já na faina de todos os dias, aviando o café para os fregueses e depois preparando o almoço para os trabalhadores de uma pedreira que havia para além de um grande capinzal aos fundos da venda. Varria a casa, cozinhava, vendia ao balcão na taverna, quando o amigo andava ocupado lá por fora; fazia a sua quitanda durante o dia no intervalo de outros serviços, e à noite passava-se para a porta da venda, e, defronte de um fogareiro de barro, fritava fígado e frigia sardinhas, que Romão ia pela manhã, em mangas de camisa, de tamancos e sem meias, comprar à praia do Peixe. E o demônio da mulher ainda encontrava tempo para lavar e consertar, além da sua, a roupa do seu homem, que esta, valha a verdade, não era tanta.”







Raul Pompeia



Em seu único romance, O Ateneu, Raul Pompeia (1863-1895), ele apresentava d e forma mórbida o universo do adolescente

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Trecho:

O ATENEU



. Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.’ Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico, diferente do que se encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso. Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam.”